5G: muito mais que um 4G + 1

Mais do que uma nova geração da rede móvel, mais do que velocidade e resposta instantânea, mais do que milhões de equipamentos ligados, o 5G é disrupção que se sente no primeiro dia e vai continuar ao longo de toda a sua evolução.

19th mar 2021

5G: não é só mais um G, é a ‘rede das redes’

O 5G vai ser uma tecnologia diferente de tudo o que temos hoje. Vai mudar a nossa vida logo que seja disponibilizada e vai continuar a mudá-la regularmente no nosso dia-a-dia, na forma como vivemos, trabalhamos ou em momentos de diversão. A rede 5G traz uma disrupção que vai continuar a sê-lo a cada ano que passa.

“Temos a tendência de sobrevalorizar as mudanças que podem acontecer a dois anos, mas subestimamos aquilo que pode acontecer num horizonte temporal a dez anos”, explica João Ricardo Moreira, administrador da NOS, para quem “o 5G é um salto em vários domínios, e vai ter impactos fundamentais na economia e na vida das pessoas”. Sobre as redes atuais, acredita mesmo que “daqui a uns anos olharemos para trás e pensaremos: ‘como é que era possível viver assim”. E não se trata de uma mera crença, é mesmo uma certeza, assente nas características que fazem do 5G uma tecnologia verdadeiramente disruptiva.

Milhões de equipamentos ligados a toda a velocidade
“Logo que o 5G esteja disponível, uma das coisas que mais se vai notar é a velocidade e a maior largura de banda, que é a capacidade de transmissão de dados de um ponto para outro. Isso faz com que a qualidade de vídeo seja maior e os downloads sejam mais rápidos”, lembra João Ricardo Moreira. Destaca também “a capacidade de gerir milhões de equipamentos num curto espaço físico”, essencial à IoT (internet das coisas) e à densificação de sensores que irão estar instalados em todo o lado, seja nas casas, nas empresas, nas ruas ou nos carros.

" A nossa vida será cada vez mais conveniente pelo facto de termos informação que nos é transmitida pelas coisas”. João Ricardo Moreira, administrador da NOS.

Para o administrador da NOS, isso “só é possível na escala a que se deseja com uma rede que possa ter essa capacidade. Só de pensarmos em automóveis que vão estar ligados [a semáforos, sinais de trânsito e outros dispositivos], rapidamente percebemos a quantidade de equipamentos que vão precisar de estar conectados à rede”. E muitas vezes, detalha João Ricardo Moreira, o benefício da conectividade é algo que nem vamos ter de procurar: “Há muitas coisas que são boas para a nossa qualidade de vida, que nos vão poupar tempo em coisas desnecessárias, que vão melhorar as nossas decisões, sem que as vejamos sequer. Informações que nos chegam ao telemóvel como ‘se calhar não é boa ideia visitar aquele museu, sugerimos este’; ‘aquele cinema tem uma fila maior’; ‘aquela Loja do Cidadão está mais disponível”.

5G tem resposta pronta, e segura
Outro aspeto que marca a disrupção do 5G é a latência, que significa o tempo de resposta e a interação. “Se pensarmos em toda a pressão para tomar decisões em tempo real, muitas vezes tomadas por coisas e não por pessoas, percebemos que o tempo de resposta é relevante”, explica o administrador da NOS, .Mas lembra que se trata de uma resposta imediata e ‘informada’, com base “não na informação crua da realidade, mas numa informação que é processada pelos melhores algoritmos em tempo real”.

" Hoje, sem conectividade, temos a sensação de que nos falta alguma coisa importante, como as chaves de casa ou os cartões bancários.

João Ricardo Moreira destaca ainda a resiliência e a segurança do 5G. “Cada vez mais vamos tomar decisões críticas, com riscos: condução, cirurgias à distância, manipulação de maquinaria pesada”, refere o responsável, “a resiliência, a garantia de que uma rede está preparada para funcionar sem falhas, é absolutamente chave”. E mesmo ao nível da segurança e da privacidade, isso não só é cada vez mais importante, como está a ser pensado e desenvolvido, enquanto que “as tecnologias do passado não foram desenhadas para ter esses níveis de proteção”. Nem sequer para a eficiência do 5G, que vai permitir que pequenos dispositivos e sensores não precisem de uma bateria nova durante o seu tempo de vida, mesmo 10 ou 15 anos; ou que apesar da circulação massiva de informação, também o consumo energético seja inferior a outras redes - sem esquecer a eficiência indireta de ter uma multiplicidade de equipamentos a ajudar a circulação nas cidades.

E todos estes atributos de velocidade, densidade, latência ou segurança - que vão proporcionar novas aplicações mais rapidamente que no passado -, não vão ser estanques. “Há ganhos adicionais que se perspetivam. Acrescentar mais largura de banda ou minimizar o tempo de resposta, por exemplo”, avança João Ricardo Moreira.

Disrupção que chega pelas empresas
Outras gerações estavam muito voltadas para o utilizador, já o 5G “vai começar mais do lado das empresas”, destaca o responsável da NOS, “muitos dos benefícios para os consumidores virão de serviços disponibilizados por empresas e serviços públicos”. São essas empresas e entidades que vão criar novas aplicações e disponibilizá-las. “Imagine, através da Realidade Aumentada, com uma determinada marca de roupa, ter na loja a visão de como ficaria uma peça. É o consumidor, está a ter a experiência, mas precisa que seja essa empresa retalhista a produzir esse novo serviço”. Há uma oportunidade comercial, “de relação das marcas com os consumidores que é um mundo de oportunidades, e que só o 5G pode suportar de forma conveniente”.

" Imagine numa loja poder ver, através de Realidade Aumentada, como uma determinada peça de roupa lhe fica.

AR Retalho Moda

A Realidade Aumentada vai ser altamente potenciada pelo 5G, tanto para consumidores particulares, nas lojas ou no entretenimento, como para empresas. Vamos poder andar pela rua, apontar o telemóvel a um edifício ou monumento, e receber toda a informação sobre o mesmo. “Estamos habituados a ver a realidade através dos nossos olhos”, exemplifica João Ricardo Moreira, “agora temos uma ‘lente’, seja os óculos, o telemóvel ou outro equipamento, que nos permite acrescentar informação a isso. É como se as coisas começassem a falar”. Não se pode dizer que é o 5G a trazer a Realidade Aumentada, mas pela combinação entre a capacidade de processamento de informação e o tempo de resposta rápido, é a única tecnologia que permite que o serviço seja tão valorizado.

Daí as aplicações e os benefícios que vão começar a surgir para as empresas e para a indústria. A capacidade de, por exemplo, com acesso a informação em tempo real e em realidade aumentada, poder fazer manutenção numa máquina complexa, com precisão e sem a necessidade de um técnico muito especializado por perto.

" A Realidade Aumentada permite-nos olhar para o motor de um avião e perceber o que lá está. A partir de uma imagem real do mundo, seja um lugar ou um objeto, são acrescentadas camadas de informação. É o 5G que permite que todo esse conhecimento seja disponibilizado em tempo real.

AR Tech

A rede que é um puzzle sempre a mudar
O administrador da NOS vê a rede 5G como um puzzle, um conjunto de peças que os operadores de telecomunicações vão encaixar para garantir as necessidades de cada local. “É possível chegar ao detalhe de dizer: ‘para esta fábrica vamos conseguir ter uma configuração destas frequências’ e isso é orientado de facto para aquele cliente empresarial específico”. Até agora, todos os utilizadores tinham acesso à mesma rede, mas a personalização passa a ser muito maior: “O 5G tem a missão de servir também propósitos específicos, em paralelo e não dependente do alargamento gradual da cobertura.

" A cobertura nacional 5G é um puzzle em que as peças não são todas iguais. Em função do território, do tipo de utilização que se imagina ter, encaixam-se pela conjunção dessas frequências”

Ao entregarem ‘apenas’ a conectividade à rede, os operadores de telecomunicações “fazem um trabalho menos visível do que aqueles que desenvolvem aplicações e equipamentos”, indica o administrador da NOS. No entanto, “o 5G não é bem uma rede, é uma rede de redes”, pelo que todo o trabalho de configuração possível, e necessário, faz do operador “muito mais o consultor tecnológico que ajuda a configurar esses serviços, por exemplo de uma fábrica no interior de Portugal”.

É gerir os muitos sensores de coisas que precisam de tempos de resposta baixos, mas sem esquecer que, ao mesmo tempo, as pessoas que estão ao lado precisam de uma largura de banda maior. Para João Ricardo Moreira, “a capacidade de fazer essas fatias de rede, orientadas a utilizações diferentes, é uma das valências que o 5G traz e que lhe permite ser chamada de rede das redes”.

O que é o 5G?

Como funciona o 5G?

Como é que a latência do 5G se compara com a do 4G?

Como se comparam o 5G e o 4G na experiência do utilizador?

O 5G é importante porquê?

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